Uma riqueza literária guardada desde o Passado

"Para este município* se desconhece a primeira imigração. Sabe-se que, entre 1840 e 1850, de Minas Gerais vieram famílias de agricultores e aqui permanecem graças à fertilidade da terra e ao clima assáz ameno. Em 1850 ventou de Fulgêncio de Sousa França a idéia de se adquirir terreno, visando o patrimônio de uma capela.
Bom êxito logrou o patriarca, pois compraram-se cerca de 440 hectares de campo e de mato às margens do rio de Santa Bárbara, cujas águas correm ao norte e ao nascente da cidade. Morreu Fulgêncio, e coube o trabalho de erigir o templo ao Cap. José Pereira Cardoso e a outros. Daí a pouco afluíram mais campônios, os Correias, os Fernandes, os Vieiras, e eis que miraculosamente se contavam uns trinta fogos: crescendo o povoado, pertencente ao município de Santa Cruz, não faltaram moradores e tampouco elementos de costumes morigerados; e tanto a agricultura quanto a industria e pecuária adcitos, do que se cuidavam intensivamente até hoje. De ano a ano se recebia a visita do padre, havia festas religiosas, batizados que farte e casamentos, por amor dos quais, à noite, gemiam violas com descantes plangentes cada qual dos cantadores a dizer saudades do berço longínquo. Dançava-se o cateretê, ouvia-se o pipocar de foguetes, e tudo acabava bem na paz do Senhor. Costumes de gente boa, afeita ao trabalho cotidiano, educada no sãos princípios da moral cristã. Costumes mineiros que ainda revivem nos mutirões com o mesmo cateretê à noite, entremeado de danças modernas, que ainda refulgem no estrondear de bombas festivas ao chegar o noivado à sede da fazenda, que ainda transparecem, aqui e ali, na roncice dos arcaicos instrumentos de fiar e no trapejar de teares, quiçá semelhantes aos que se viam nos Açores. Roda de Cedro e tear de bálsamo exigiam as matronas que, no lar, fabricavam todo tecido de consumo de casa e mais o óleo de mamona para o candieiro, enquanto, a vibrarem a enxada e o machado para equitarem, viviam a sua vida operosa os homens de têmpera invejável. Carros de boi, de uso medieval, tirados por seis, oito parelhas, único veiculo existente para facilitar as colheitas e também a população prover de sal e de implementos ao trabalho mecânico iam ao porto de Elóe, nas barrancas do Rio Grande, divisa de Minas Gerais e São Paulo, choramingavam de volta ao peso da sacaria, aqui debulhando a areia dos caminhos, acolá vencendo o preguilho dos atoleiros, viagem de dois, três meses.
(...) e o primeiro juiz foi o Sr. Antonio Fernandes de Castro. O primeiro escrivão, Sr. Pedro Pereira Pinto.
Daí a 16 anos, aos 12 de julho de 1906 (Lei Estadual de n° 227) deu-se-lhe a categoria de município, desmembrando do Santa, e houve nome de Campo Formoso, sendo-lhe primeiro entendente o Senhor Rodolfo Fernandes de Castro, sobrinho do primeiro juiz; e depois de, como termo, pertencer às comarcas de Silvânia, Bela Vista, Santa Cruz e Pires do Rio, foi sede de comarca a 12 de dezembro de 1941 (decreto lei estadual de n°... 5096). Investiu-se na posse de primeiro juiz-de-direito o Sr. Dr. Paranaíba Piratininga Santana.
Em vigor certo dispositivo, segundo o qual não podia haver o mesmo popônimo a comuna brasileira, mediante ordem superiores, buscou-se outra denominação a Campo Formoso; e, ocorrida votação democrática elegeu-se o de Orizona, vocábulo proposto pelo médico local, Sr. Dr. Raphael Leme Franco, que o defendeu com o processo de justaposição (Oriza+Zona) e o conhecido fenômeno lingüístico, o da Haplologia,  que a nomenclatura ceintífica acolhe desde séculos. Como: bon (da) doso, car (da) dos, ido (lo) latra, etc. A 13 de dezembro de 1943 (decreto lei estadual de n° 8305) ao de Campo Formoso substituiu, pois, o popônimo Orizona, este a indigitar a região de arroz.

HOJE

Possui o município seis rodovias principais que demandam a estação ferroviaria de Egerineu Teixeira, as cidades de Pires do Rio e de Vianópolis, as Pontes do Rochedo, Marcelos, Montes Claros e de Pedra com ramais sem número que fazem aos povoados de Cachoeira, Montes Claros, Taquaral, Buritizinho e a quase todas as propriedades agrícolas, pois a terra é subdividida, como importa. Roncam caminhões do transporte da riqueza econômica, correm veículos outros de Motor, possui Orizona Posto de Higiene, apresenta 23 escolas rurais e na cidade, a 17° 01 58 de latitude sul e 48° 17 56 de longitude W. Gr., vêem-se um Jardim de Infância, um Grupo Escolar Seminário Menor, Ginásio e Escola Normal. Já de Orizona se inviam cereais, frutas, aves, cevados, a Brasília, razão por que se aspira à feitura de mais uma ponte sobre o rio Piracanjuba, no lugar denominado Crioulos a fim de se encurtarem as distancias para a nova Capital da República onde se irá folgadamente em 3 horas".
Orizona, (...) de junho de 1960

* Texto provavelmente escrito por José Pereira da Costa no ano de 1960.

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